Sapatos 51 e muitos quilos de bacalhau vão nas malas dos turistas

 

Ao contrário do que se possa pensar, os turistas que visitam o Porto não compram apenas os souvenirs do costume, como o vinho do Porto, os galos de Barcelos, toalhas e panos de cozinha com imagens alusivas à cidade ou camisolas da seleção com o nome de Cristiano Ronaldo. Levam quilos e quilos de bacalhau bem acondicionado, presuntos, pesadas colchas de algodão, enormes e caros vestidos de noiva ou roupa de cerimónia e até cortam e pintam o cabelo com as cores da moda.

 

Calçado: Sapataria aposta em tamanhos XXL

 

Durante décadas, a sapataria Branca de Neve foi sinónimo de calçado ortopédico para crianças. Atualmente, integrada no grupo Max, a loja instalada na Rua de Santa Catarina aposta também noutros segmentos de mercado. “Um deles é ter calçado com números grandes e os turistas já sabem que determinados números só aqui poderão encontrar”, refere a funcionária Sofia Fernandes que dá o exemplo de sapatos, sandálias e sapatilhas de números grandes, entre o 47 e o 52 ou 53.

 

Vestidos de Noiva: Modelos entre os 900 e os três mil euros

 

Por estranho que possa parecer, quem visita o Porto muitas vezes leva para o seu país, bem acondicionado na bagagem, o vestido de noiva. “Normalmente, é um turista com dinheiro que encontra aqui por exemplo um vestido para uma receção no hotel”, explica Vanessa Pessoa, funcionária da Pronovias. O valor de cada vestido ronda os 900 euros, enquanto os de noiva ultrapassam os três mil. Brasileiros, filipinos, angolanos são os principais compradores.

 

Fiel amigo: Aos 20 e 30 quilos de bacalhau de cada vez

 

N”A Conserveira do Bolhão” (instalada no Mercado Temporário, no Centro Comercial La Vie), Alexandre Pires não tem mãos a medir. “Para alguns clientes chego a embalar 20 a 30 quilos de bacalhau! E só querem levar os lombos”, afirma. Entre os 17,5 e os 23,5 euros o quilo, são os turistas brasileiros os principais clientes, mas os asiáticos surgem logo a seguir. “Temos provas e explicamos a forma de confeção”, conta.

 

Corte de cabelo: Marcação feita ainda no país de origem

 

“O que tem acontecido nos últimos anos, e que é bastante curioso, é que o turista antes de sair do seu país liga a marcar para determinado dia. Hoje tudo fica fácil e a informação é global através da Internet”, refere António Gomes, do salão de cabeleireiros Gomes Cortes e Cores, na Rua da Firmeza. Trata-se do “típico cliente Airbnb que gosta de arriscar em cores” como o verde, azul e laranja. “Aqui no Porto é mais barato do que na terra deles”, diz o cabeleireiro.

 

Casa das Colchas: Loja com balança para turista pesar toalhas

 

A casa já tem 80 anos, mas não parece. No interior, a azáfama é grande e são turistas que por ali andam. O produto 100% algodão e Made in Portugal é o mais procurado. Colchas (as de algodão chegam a pesar mais de três quilogramas), edredons e atoalhados em felpo. “Sabem que aqui encontram qualidade e barato. Quem procura o felpo são os espanhóis. Os turistas orientais levam mais colchas e edredons”, refere Mário Martins que, juntamente com o pai, está à frente do estabelecimento na Rua Formosa.

 

Comer e Chorar por Mais: Presuntos e queijos embalados em vácuo

 

E que tal transportar numa mala de viagem presuntos pata negra inteiros ou queijos com peso superior a 1,5 quilogramas? A casa Comer e Chorar por Mais está farta de os vender a franceses, americanos, brasileiros e ingleses. “Embrulhamos em vácuo para não libertar cheiros e eles levam tudo”, conta Inês Silva, funcionária da loja, salientando que, não sabe porquê, os asiáticos têm uma fixação pelo presunto de porco preto. “Às vezes, são às 20 embalagens de 100 gramas de cada vez”, conta.

 

Ervanário: Chazinhos para curar desarranjos intestinais

 

E quando os cuidados com a alimentação são descurados, surgem problemas quando menos se espera. Que o diga Carlos Silva, da ervanária Kimbanda, da Rua da Alegria. “Nesta altura de verão, temos aqui muitos turistas com desarranjos intestinais, tudo porque têm pouco juízo, comem e bebem demasiado, ainda por cima comida a que estão pouco habituados”, explica. Para “curar as diarreias nada melhor do que infusões de ervas naturais”. Os turistas que mais procuram esta ervanária são alemães e ingleses.

 

 

Fonte: jn.pt

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