Há dias fazia uma visita a um apartamento com uma cliente interessada que me dizia: “O apartamento cumpre todos os meus requisitos mas não sinto que seja “o tal” … não fez “clique””.
Queria a cliente dizer que não se apaixonou pelo apartamento!
Tinha realmente tudo – boa área, estava em bom estado, uma excelente exposição solar e muita luminosidade, na localização que procurava e dentro do intervalo de preços pretendido.
O que faltou? Ou o que teria a mais?
Nestes já longos anos como consultora imobiliária, já me foi possivel perceber que a escolha da que vai ser a “nossa” casa o “nosso mundo” é um processo muito mais complexo do que o preenchimento de um conjunto de requisitos, a maioria das vezes definidos após uma análise cuidada, inteiramente mental e baseada em prós e contras, do que são as nossas necessidades familiares, profissionais e sociais.
Se este processo analítico é crucial numa primeira seleção de imóveis, a escolha da casa “certa”, da “tal” é já paixão e enamoramento.
É incrível como muitas vezes, o cliente entra num imóvel, e, sem ainda ter sequer visto tudo, me olha nos olhos, sorri e diz: “ É esta Lia! Eu sinto que é esta! Não preciso de ver mais nada 🙂 “
(… E como é fantástico aquele sorriso! …)
Confesso que o meu desafio, é perceber o porquê!
É difícil … muitas vezes não chego a perceber … na verdade, o cliente também não :), outras vezes constato que são pequenos detalhes que fazem a diferença, avivando memórias de infância, lembrando momentos felizes, trazendo sensações de conforto e alegria:
- O sol a bater na janela exatamente no momento em que se entra na casa;
- A árvore florida ou o limoeiro cheio de limões no jardim;
- O cheirinho ao bolo que a nossa avó fazia a vir da cozinha;
- O aroma a roupa lavada;
- O ursinho de peluche exatamente igual ao que tínhamos em criança (foi este o detalhe que fez aquele “clique” na minha mais recente venda);
- A nossa flor preferida na jarra da entrada;
- …
É realmente difícil perceber porque nos apaixonamos por uma casa!
A quem é proprietário e está a vender, ou seja, a quem está à procura de alguém que se apaixone pela sua casa, o que recomendo é exatamente aquilo que fazemos quando procuramos alguém que se apaixone por nós 🙂
Torne a sua casa acolhedora e confortável.
Apresente-a cheirosa e limpa, de modo a que o comprador se sinta bem na casa, que queira ficar!
Retire dela as suas memórias e recordações, como fotografias de familia, para que o comprador possa imaginar a casa como sua, imaginar as fotos dos seus filhos e os seus quadros preferidos nas paredes.
Dê ao comprador espaço e tempo para sentir a casa, para se sentar, para imaginar como será viver na casa!
Dê-lhe oportunidade para se apaixonar!
Se vai acontecer nunca sabemos, mas podemos ajudar a que a magia aconteça! Acredito que existe o comprador certo para cada casa, e a casa certa para cada um de nós … (um processo semelhante às almas-gémeas, percebem o que quero dizer? 🙂