Podia contar-vos tanto do meu Pai …
Mas hoje gostava de vos contar algo que descobri há muito pouco tempo!
Há dias, naquelas reflexões que tenho, poucas vezes (confesso) de “porque faço o que faço?” e de “porquê o imobiliário?” percebi que realmente adoro pessoas mas o que também gosto mesmo é de casas
Pequenas, enormes, térreas, em altura, no centro das cidades ou em frente à praia, todas elas têm a sua magia.
Foram pensadas de alguém para alguém!
Guardam em si vivências únicas e são tantas vezes memória de momentos felizes ou expetativa de futuro …
Cada parede, cada forma, cada madeira, cada vidro, existe numa casa por um motivo. Alguém estudou a utilidade de cada peça, alguém ponderou cada detalhe, alguém imaginou vivências e as perspetivou no tempo e naquele espaço.
Sim gosto de casas!
Porque cada casa é única, desde a sua imaginação, necessidade, desenho, construção e vivência.
Cada uma conta uma história diferente!
Foi há pouco tempo que dentro de uma casa com a sua história (a) me lembrei da minha história e percebi o porquê deste meu gosto por casas!
Era pequena.
O meu Pai tinha dois empregos, mas mesmo assim tempo para estarmos juntos. Na verdade, levava-me com ele sempre que podia (pensava eu) ou talvez sempre que tinha que ser (percebo agora)
O que eu mais gostava era o de dia!
Num gabinete de arquitetura em Matosinhos onde se imaginavam e projetavam … casas! Onde cada cliente merecia a sua casa.
Uma equipa fantástica, com pessoas muito especiais, um espaço com várias mesas que na altura me pareciam demasiado altas e enormes, com papeis desenrolados sobre as mesas repletos de desenhos.
E eu ajudava!
Porque afinal havia uma parede que tinha que mudar de sitio, e uma porta de entrada a corrigir, eu passava horas debruçada sobre um desenho a apagar, com muito cuidado, uma linha com a lâmina …( antes dos computadores e das teclas de “delete”)
Ás vezes conhecia o cliente, e assistia às conversas de longe, calada, a tentar imaginar como seria a vida dele naquela casa ainda em desenho.
Depois, em viagens de carro, o meu Pai dizia-me: olha aquela casa! Foi um projeto nosso … eu eu admirava como de algumas linhas num papel com um cheiro estranho surgia algo com vida e tão fantástico!
Nessa altura eu própria imaginava tantas casas …
Em nossa casa, havia imensas revistas de arquitetura e decoração. Eu dizia que o meu Pai fazia coleção!
E eu folheava vezes sem conta cada uma, à procura de ideias e inspiração para as minhas casas imaginárias.
Em algumas revistas não resisti … desculpa Pai … tive mesmo que rasgar a folha e guardar as imagens que ainda hoje fazem parte da pasta dos projetos!
Hoje … em cada casa, é todo este processo imaginativo que me fascina!
(a)Foi a proximidade do Dia do Pai e a visita a uma moradia lindíssima em plena Rua de Cedofeita, um projeto da autoria do arquiteto Arménio Losa que deram origem a este texto que quis partilhar convosco J … a moradia está disponível para arrendamento!