Casas de 1 milhão vendidas na hora no Porto e em Lisboa

 

As maiores cidades portuguesas estão na moda e são cada vez mais os estrangeiros da classe alta que escolhem Lisboa e Porto para viver. Chegam dispostos a pagar mais de um milhão de euros por um apartamento e, em alguns casos, decidem a compra na hora, quando os edifícios ainda estão apenas em planta e não se importam de esperar um ou dois anos até começarem a viver na sua casa de sonho. Na Invicta e na capital, os principais compradores são brasileiros. Mas em Lisboa a procura é mais diversificada, com muitos árabes, chineses e nórdicos. A verdade é que a procura de imóveis de luxo supera a oferta, o que contribui para os altos níveis de preços que se praticam atualmente.

Com a reabilitação de edifícios do Centro Histórico a que se assistiu nos últimos anos, a par de algumas construções de raiz, o mercado “premium” disparou e começaram a surgir diversos imóveis com preços inimagináveis ainda há dois ou três anos, muitas vezes superior a um milhão de euros. E a diferença é que não são precisos agora largos meses para se venderem casas do setor mais alto. “A velocidade de absorção do mercado mais do que duplicou ou triplicou nos últimos anos”, assegura Ana Jordão, responsável pelo departamento residencial da Predibisa, imobiliária do Porto.

Um cenário em tudo idêntico ao de Lisboa, onde a diferença é, sobretudo, ditada pelos valores das casas, já que na capital o preço por metro quadrado é substancialmente mais elevado. “Temos clientes que visitam os apartamentos pela primeira vez e no mesmo dia avançam com uma proposta de compra”, descreve Célia Aguiar, promotora imobiliária da Remax Latina. No caso do Porto, a reabilitação ditou que a “zona prime” esteja atualmente compreendida entre as ruas de Mouzinho da Silveira e das Flores, onde há apartamentos de tipologia T2 a 650 mil euros ou um T3 na Praça do Infante, com garagem, por 900 mil euros.

Preços que são quase proibitivos para os portugueses, ainda que no centro do Porto a Predibisa tenha já vendido apartamentos a clientes nacionais. O que surpreende, no entanto, é a facilidade com que quem chega de fora toma a decisão de avançar para a aquisição. “Há pessoas que se encantam e compram no próprio dia, quando muitas vezes apenas tiveram acesso a imagens virtuais. Às vezes temos uma ou duas reuniões e fechamos negócio”, revela Ana Jordão.

Em Lisboa, onde o preço do metro quadrado chega a atingir os 10 mil euros, a Avenida da Liberdade é das mais apetecíveis. Célia Aguiar dá o exemplo de um T1, com garagem, que está a ser comercializado por 640 mil euros. “Tem 70 m2 e está no melhor quarteirão da avenida. É um apartamento muito apetecível”, explica a profissional da Remax. A mesma destaca que em zonas como o Chiado, Rua Castilho ou Fontes Pereira de Melo, ou coberturas (últimos andares com terraço) no Parque das Nações, valem para cima de um milhão e “vendem-se muito bem”.

E o luxo não se limita à Baixa da capital. Célia Aguiar destaca o condomínio Jardins do Cristo Rei, ao largo de Moscavide, já na saída oriental de Lisboa, há coberturas T5 (400 m2 de apartamento mais 200 m2 de terraço com piscina privativa) que custam dois milhões de euros. Coberturas no Porto são também uma oferta apetecível. Ana Jordão dá o exemplo do Edifício Essenza, onde um apartamento deste tipo, em formato duplex com piscina privativa, custa 1,8 milhões de euros. “Neste momento, dos 25 apartamentos que formam o conjunto, só seis estão por vender”, adianta.

A responsável da Predibisa destaca que este é um cenário “completamente diferente do que acontecia há três ou quatro anos”. “Desde que seja numa boa localização, com vistas de primeira linha para o Douro, vende-se rapidamente”, assegura. E dá o exemplo de uma cobertura na Rua do Ouro, junto à Foz, cuja construção arrancou há uma semana e já foi vendida por 1,5 milhões de euros. “O comprador assinou o contrato promessa de compra e venda e sabe que só em 2020 lá poderá começar a viver”, observa. A “loucura” que se vive atualmente levanta, no entanto, algumas preocupações. Nuno de Sousa Pereira, professor na Faculdade de Economia da Universidade do Porto e diretor do Centro de Economia e Finanças da mesma instituição, olha para o fenómeno com otimismo moderado, mas deixa algumas chamadas de atenção.

“O dinamismo do mercado é sempre positivo, o que não significa que não se deva ter algum cuidado. É bom captar investimento estrangeiro, mas o problema é se, por algum motivo, os investidores optam por outras paragens, porque o nosso mercado interno não tem capacidade para os substituir”, observa.

Já no que toca aos efeitos sobre o setor bancário, o economista não se mostra muito preocupado. “A maior parte destes investimentos é feita sem recurso a crédito, por isso a pressão sobre a Banca neste caso não é preocupante”, conclui.

“Em Aveiro são raros e difíceis de vender”

 

Uma moradia de design contemporâneo, em pleno coração da cidade, com vista para o jardim central de Aveiro, comercializado pela Arcada por 560 mil euros, é um dos produtos topo de gama da Região Centro. Por aqui já vão aparecendo clientes estrangeiros interessados em comprar casas, sobretudo franceses e nórdicos, mas os preços são bem inferiores aos praticados em Lisboa e Porto. Uma moradia pode custar entre 500 e 800 mil euros, enquanto um T0 pode chegar aos 90 mil. Hugo Oliveira, responsável da Zuhaus, explica ao JN que casos de propriedades acima de um milhão de euros “são raros e difíceis de vender”. Ainda assim, diz que a inflação já se faz sentir e que o setor vive um “bom momento”.

Fonte: jn.pt

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